Trabalhos apresentados na disciplina Fundamentos Estéticos da Arte/Educação, ministrada pela professora Maria Euda:
Trabalho 1 - Comentário sobre a criatividade de um trabalho artístico:
A CRIATIVIDADE EM MINHA CANÇÃO
*Pedro Henrique Araújo Barbosa
Neste sucinto estudo, pretendemos fazer uma análise dos aspectos criativos da música Minha Canção, que faz parte da obra teatral infantil Os Saltimbancos, de Chico Buarque de Holanda. O conceito de criatividade envolve a idéia de abrangência e de novidade. Podemos verificar que a música em questão apresenta tais qualidades tanto no plano da letra quanto no da melodia.
De início, o que nos chama atenção é que a música já começa com uma ascensão, ou seja, as notas sobem numa escala de Dó maior. Logo percebemos que esta escala é solfejada, ou melhor, cantada na primeira sílaba de cada verso, de modo que a escala sobe e desce como notamos na seguinte sequência de palavras: Dorme, Resta, Misterioso, Faz, Soletra, Lavra, Singelamente, Dolorosamente, Doce, Silenciosa, Larga, Solta-se, Faz-se, Minha, Réstia e Dorme. Assim, a letra abrange a música e vice-versa, uma complementa a outra. Ressaltamos aqui o caráter didático da canção, que ao ser memorizada aprende-se uma escala musical, podendo inclusive ser utilizada para um aquecimento vocal mais lúdico.
A melodia é cantada suavemente pelos bichinhos, protagonistas da peça, como numa canção de ninar, pois “dorme a cidade” e é “doce a música / silenciosa”. Estabelece-se um clima de mistério com o subir e descer dos sons da canção que “solta-se no espaço” e não se extingue, encantando quem consegue ouvi-la. Há também momentos de silêncio a cada dois versos, que contribuem para esta atmosfera misteriosa.
Concluímos nossa análise reafirmando a criatividade de Minha Canção, na qual letra e melodia foram elaboradas a partir da escala de Dó.
Trabalho 2 - Dissertar sobre uma questão proposta com base no livro Por que arte-educação, de João-Francisco Duarte Júnior:
Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro
Curso: Arte-educação e Cultura Popular
História da Arte e Fundamentos Estéticos da Arte-Educação
Professora: Maria Euda
Aluno: Pedro Henrique Araújo Barbosa
Que situações possíveis devem ser criadas na escola para que o olhar e o ouvir, juntamente com o olfato, o tato e o paladar, possam ser filtros sensíveis na compreensão da Arte? A seguir, faremos algumas sugestões neste sentido.
Primeiramente, a escola deve quebrar a cisão entre sentir e pensar, entender que sentir é pensar, como diria Fernando Pessoa. Acrescentamos ainda que sentimento é conhecimento, conforme afirma ARANHA e MARTINS (2003, p.374), “é um reação cognitiva, de reconhecimento de certas estruturas do mundo, cujos critérios não são explicitados. É percepção das tensões dirigidas, comunicadas e expressas pelos aspectos estáticos e dinâmicos da forma, tamanho tonalidade e altura”. E esclarece que sentimento é diferente de emoção, pois esta “é uma reposta, uma maneira de lidarmos com o sentimento” que “é conhecimento porque esclarece o que motiva a emoção”.
Quanto aos sentidos, em relação ao olhar, a escola poderia expor quadros e imagens que instigassem a curiosidade dos alunos, bem como poderia disponibilizar um espaço, como um muro, ou mural, para que eles pudessem também expressar seus sentimentos através de imagens; em relação ao ouvir, poderia haver a escuta de variados tipos de músicas, tanto em aulas como em outros momentos, por exemplo, na hora da acolhida, na hora do intervalo ou, de vez em quando, antes do início de aula.
Citando um dos mais antigos currículos da história, o Quadrivium, que teve origem por volta do século VI a.C. e durou até o final da Idade Média, Granja (2006, p. 109) ressalta a importância da transdisciplinaridade do currículo escolar:
A transdisciplinaridade pressupõe uma organização vertical entre as disciplinas, numa articulação em torno de um objeto que é maior e mais geral que elas próprias. Os temas transdisciplinares não se limitam necessariamente ao contexto de uma só disciplina. O objetivo maior da transdisciplinaridade é a formação geral das pessoas, englobando múltiplos objetos de conhecimento, diferentes metodologias de trabalho e até mesmo múltiplas dimensões do conhecimento.
A partir da transdisciplinaridade propõe projetos divididos em seis temas principais: Música e corpo; Música, Matemática e Física; Música e palavra; Música e tecnologia; Música e meio ambiente; Música e cultura.
Desta forma, no que se refere ao olfato, tato e paladar, a escola poderia somar ao trabalho transdisciplinar atividades com o experimento de diferentes sabores, fragrâncias e texturas, associadas a sentimentos variados. Atividades deste tipo podem ser frequentemente utilizadas junto às aulas de expressão corporal e pintura, por exemplo.
Para finalizar, concordamos com Duarte Júnior, que ressalta que a escolar deve incentivar a educação dos sentimentos e emoções, de modo que estes possam ser refinados pelo convívio com os Símbolos da arte. Pensamos que este refinamento pode ser realizado junto ao trabalho transdisciplinar, no qual o conhecimento é, antes de tudo, um meio de realização dos projetos das pessoas.
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria Lúcia de A. e MARTINS, Maria Helena P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2003.
DUARTE JÚNIOR, João-Francisco. Por que arte-educação? Campinas, São Paulo: Papirus, 1996.
GRANJA, Carlos Eduardo de Souza Campos. Musicalizando a escola: música, conhecimento e educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2006.